Origo Project

Exhibit at Greenhouse in Lisbon

Num contexto em que a tecnologia digital se desenvolve a um ritmo sem
precedentes, num mundo em que os dogmas caíram em desuso e a fronteira
entre realidades se esbate, ténue, o intangível ganha força.A necessidade de
rotular uma “forçada” evolução biológica, empodera uma filosofia –
transumanista – que visa transformar a condição humana através da
amplificação das suas capacidades.Progressivamente imersos num limbo entre
realidades (virtual / aumentada/ “real”), os limites de onde uma começa e outra
acaba tornam-se imensuráveis.Numa sociedade em que a informação se
contradiz á velocidade da luz, vagueamos sem norte em busca de uma
verdade absoluta, detida por uma identidade abstrata denominada por
inteligência artificial.Neste contexto, a necessidade de criar uma ferramenta
que valide e certifique a origem daquilo que vemos, torna-se essencial.
O projecto O.R.I.G.O transfere o enquadramento atrás descrito para um lugar
específico.
Extrapola e projeta a existência desse certificado e materializa-o num “selo de
origem” desenhado para o efeito.
Contudo, o projecto não se encerra na sua fisicalidade . Pelo contrário, aí
começam algumas das questões que evoca.
Se por um lado este selo pretende legitimamente certificar o meio como
natural, num contexto em que cada vez será mais dúbia a distinção entre
natureza e ficção (natureza virtualmente desenhada), por outro, numa
declarada provocação, o contexto em que nos aparece remete-nos para uma
artificialidade clássica que carrega outros temas de ordem histórica e política
(estufas/ jardins botânicos no contexto da epoca colonial, em que plantas e
animais eram trazidos de outros lugares para servirem propósitos comerciais e
estéticos..)
Em tom irônico e provocatório, o espaço é classificado como “man made free”,
num lugar onde a sobrevivência das plantas que o habitam depende a 100%
do mimetismo ambiental que o homem desenvolve para o efeito. O prazer de
ter uma floresta no meio de uma cidade, revela a tendência da sociedade
actual em recriar ambientes “naturais” como espaços de fuga e meditação,
perante a urbanidade ruidosa e sufocante.
O.R.I.G.O fala-nos não só de questões relacionadas com a domesticação e
aculturação da natureza resultante da relação esquizofrénica e dos exercícios
de poder que o homem estabelece, na sua tentativa de supremacia sobre a
mesma, como também da crescente de necessidade de validarmos a
autenticidade daquilo que percepcionados como realidade.
Pretende ser um “on going project”, cujo conteúdo irá sendo alimentado por
pesquisa sobre os temas em debate.